top of page

COMER PARA VIVER | CANCRO DA MAMA

Atualizado: 2 de fev. de 2021

Após um diagnóstico de cancro da mama, muitas mulheres reavaliam o seu estilo de vida questionando-se o que poderá ter estado na origem do cancro e, embora não evite, a verdade é que um estilo de vida saudável pode diminuir o risco de aparecimento e até de recidiva.

Quando falamos de estilo de vida saudável, a alimentação tem um papel fundamental e embora não existam formulas mágicas para evitar o cancro, existem guidelines gerais que podem e devem ser implementadas na sua dieta com o objectivo de reduzir o risco.

Assim, falamos basicamente de duas ações. Reduzir e Aumentar.



REDUZIR:


A primeira trata-se de reduzir e/ou eliminar da sua dieta os alimentos menos saudáveis, que no fundo constituem uma Dieta Inflamatória e cujo consumo está diretamente ligado com um maior risco de cancro.

Falamos assim de eliminar/reduzir o consumo de:

  • Açúcares: Dietas com uma elevada carga glicémica estão associadas a um maior risco de cancro da mama. O foco deve ser em diminuir o consumo de açúcares adicionados e não os açúcares naturalmente presentes nos alimentos, promovendo sobretudo a manutenção de um peso saudável.


  • Gorduras Trans e Saturadas: Limite a ingestão de alimentos que contêm gorduras saturadas e trans e dê preferência a fontes de gorduras saudáveis tais como: o azeite, sementes e oleaginosas (nozes e amêndoas), peixe pequeno (sardinha, cavala) e abacate.

  • Carne vermelha e processada: A Organização Mundial de Saúde classificou as carnes processadas, incluindo presunto, bacon, salame e salsichas como alimentos carcinogénicos do Grupo 1 (conhecidos por causar cancro), o que significa que há fortes evidências de que as carnes processadas causam cancro (intestino e estômago) enquanto que a carne vermelha, como vaca, borrego e porco, foi classificada como cancerígena do Grupo 2, o que significa que provavelmente causa cancro. No que diz respeito ao cancro da mama os estudos indicam que o seu consumo pode aumentar o risco e até mesmo a taxa de mortalidade. Sendo que existe evidência que a substituição de uma porção/dia de carne vermelha por uma porção de uma combinação de leguminosas, frutos secos, peixe e aves está associada a uma diminuição do risco.

  • Álcool: Um copo por refeição? Em situações de Cancro da Mama a resposta é NÃO. A evidência mostra que beber apenas 1 copo de vinho ou outra bebida alcoólica por dia aumenta o risco de cancro da mama… Não Facilite.


AUMENTAR:


A segunda ação tem a ver com o aumento do consumo de alimentos/nutrientes que têm propriedades “Anti Cancro”

Falamos de Aumentar o consumo de:

- Frutas e Vegetais: As frutas e Vegetais contêm fitoquímicos com propriedades antioxidantes, antiestrogénicas e quimiopreventivas que podem prevenir o cancro. A quantidade recomendada são no mínimo cinco ou mais porções de frutas e vegetais diariamente, sendo o ideal 10 porções por dia. Os vegetais crucíferos (ex: brócolos, couve-flor, rúcula, agrião) são especialmente ricos em fitoquímicos que podem ajudar a diminuir o risco de cancro da mama com receptores de estrogénio e devem fazer parte da sua dieta diária. Veja uma sugestão de receita com agrião aqui.


Alguns Fitoquímicos que podem ajudar a prevenir o cancro:

  • SULFORAFANO: Germinado de brócolos;

  • INDÓIS E ISOTIOCIANATOS:Vegetais crucíferos e mostarda.


Dica: Consuma crus ou pouco cozinhados. Ao colocar sementes de mostarda em pó por cima dos seus brócolos cozidos ou adicionar outra crucífera crua irá aumentar a produção e disponibilidade dos fitoquímicos.

  • COMPOSTOS FENÓLICOS: Alho, chá verde, soja, grãos de cereais, vegetais crucíferos, sementes de linhaça;

  • FLAVONÓIDES: A maioria das frutas e vegetais (crucíferas, alho, frutas cítricas, sementes de cominho, manjericão, hortelã);

  • ISOFLAVONAS: Soja, leguminosas, sementes de linhaça;

  • CAROTENÓIDES: Vegetais e frutas de cor amarelo escuro / laranja / verde;


- Cereais Integrais: Os cereais integrais são alimentos não processados ​​com alto teor de hidratos de carbono complexos, fitoquímicos, vitaminas, minerais e fibra.

Um consumo elevado de fibra para além de ser benéfico para promover o trânsito intestinal, regular os níveis de açúcar e de colesterol no sangue e equilibrar a microbiota intestinal, tem também benefícios específicos por promover a eliminação/excreção de hormonas, tais como o estrogénio.

A ingestão diária de fibra deve ser de 25 a 30 gramas de fibra insolúvel e solúvel o que será facilmente atingível numa dieta de base vegetal (metade do seu prato deve ser constituído por vegetais), com preferência por cereais integrais (quinoa, arroz, trigo) e inclusão diária de leguminosas (Ex: soja, ervilha, grão de bico e lentilhas).


Outros alimentos “preventivos” a considerar na sua alimentação diária:


  • COGUMELOS: Estudos mostram que os cogumelos têm propriedades anti cangerígenas, antivirais e antibacterianas. Inclua cogumelos diariamente na sua alimentação.

  • LINHAÇA: Ricas em ómega-3 e em fitoquímicos (lignanas) podem ter efeitos preventivos do cancro da mama e na diminuição da sua taxa de mortalidade.

  • CHÁ VERDE: O chá verde tem um potencial anticancerígeno para diversos tipos de cancro, incluindo o da mama, interferindo no processo de desenvolvimento e crescimento das células tumorais.

  • FRUTOS VERMELHOS: Para além de serem uma excelente fonte de vitaminas e fibra, os frutos vermelhos são uma fonte muito rica em antioxidantes e têm na sua composição vários fitoquímicos com propriedades anticancerígenas. Consuma uma porção de frutos vermelhos todos os dias.



Qual a melhor Dieta quando falamos de prevenir o Cancro da Mama ?

Estudos mostram que uma Dieta de Base vegetal pode ser preventiva de doenças crónicas. A Dieta Mediterrânica, pelo elevado consumo de produtos vegetais onde são privilegiadas as hortícolas, as leguminosas, os frutos secos, as frutas e os cereais integrais, pode ser considerada uma dieta de base vegetal.

Vários estudos mostram que a aderência a uma dieta mediterrânica poderá estar associada a uma diminuição do risco de cancro da mama, assim como outras doenças não transmissíveis, tais como a diabetes e as doenças cardiovasculares.

E em que consiste a Dieta Mediterrânica?




O que caracteriza a Dieta Mediterrânica é sobretudo:


  • Elevado consumo de produtos vegetais, nomeadamente de hortofrutícolaspãocereais pouco refinados, leguminosas secas e frescas e frutos secos;

  • Escolha de ingredientes locaisfrescos e da época;

  • A utilização do Azeite como principal fonte de gordura;

  • O consumo moderado de pescado, aves, lacticínios e ovos;

  • O consumo de pequenas quantidades de carnes vermelhas;

  • Água como principal bebida;

  • A ingestão moderada de vinho, geralmente durante as refeições (com a ressalva de que quando falamos em cancro da mama a recomendação é não ingerir bebidas alcoólicas);

  • Convívio à volta da mesa;

  • Frugalidade e cozinha simples que preserva os nutrientes dos alimentos;

  • Estilo de vida ativo, prática diária de exercício físico e descanso.

Trata-se de uma dieta equilibrada e variada, baixa em gordura saturada e com moderado a alto teor de gorduras mono e polinsaturadas. Rica em antioxidantes e fitoquímicos que são determinantes para o bem-estar geral.

Mas relembre que apenas 10% dos cancros têm origem hereditária o que significa que 90% dos casos estão relacionados com o nosso estilo de vida. Assim, a prática de atividade física regular, o sono/ descanso, o bem estar emocional e social, o limite de consumo de substâncias tóxicas tais como o tabaco e o álcool são fundamentais para diminuir esse risco.


Em resumo, é importante comer bem, sermos ativos, descansar quando necessário e amar e sermos amados.


Fontes:


-American Institute for Cancer Research, World Cancer Research Fund. Food, nutrition, physical activity and the prevention of cancer: a global perspective: a project of World Cancer Research Fund International. Washington, D.C: American Institute for Cancer Research; 2007. 517 p.


- Boyle P, Autier P, Bartelink H, Baselga J, Boffetta P, Burn J, et al. European Code Against Cancer and scientific justification: third version (2003). Ann Oncol. 1 de Julho de 2003;14(7):973–1005.


- Kwan ML, Kushi LH, Weltzien E, Tam EK, Castillo A, Sweeney C, et al. Alcohol consumption and breast cancer recurrence and survival among women with early-stage breast cancer: the life after cancer epidemiology study. J Clin Oncol Off J Am Soc Clin Oncol. 10 de Outubro de 2010;28(29):4410–6.


- Kwan ML, Chen WY, Kroenke CH, Weltzien EK, Beasley JM, Nechuta SJ, et al. Pre-diagnosis Body Mass Index and Survival After Breast Cancer in the After Breast Cancer Pooling Project. Breast Cancer Res Treat. Abril de 2012;132(2):729–39.


- Sieri S, Chiodini P, Agnoli C, Pala V, Berrino F, Trichopoulou A, et al. Dietary fat intake and development of specific breast cancer subtypes. J Natl Cancer Inst. 9 de Abril de 2014;106(5).


- Boyd NF, Stone J, Vogt KN, Connelly BS, Martin LJ, Minkin S. Dietary fat and breast cancer risk revisited: a meta-analysis of the published literature. Br J Cancer. 3 de Novembro de 2003;89(9):1672–85.


- Farvid MS, Cho E, Chen WY, Eliassen AH, Willett WC. Dietary protein sources in early adulthood and breast cancer incidence: prospective cohort study. BMJ. 2014;348:g3437.


- Harris HR, Willett WC, Vaidya RL, Michels KB. An Adolescent and Early Adulthood Dietary Pattern Associated with Inflammation and the Incidence of Breast Cancer. Cancer Res. 1 de Março de 2017;77(5):1179–87.


- Tabung FK, Steck SE, Liese AD, Zhang J, Ma Y, Caan B, et al. Association between dietary inflammatory potential and breast cancer incidence and death: results from the Women’s Health Initiative. Br J Cancer. 24 de Maio de 2016;114(11):1277–85.


- Toledo E, Salas-Salvadó J, Donat-Vargas C, Buil-Cosiales P, Estruch R, Ros E, et al. Mediterranean Diet and Invasive Breast Cancer Risk Among Women at High Cardiovascular Risk in the PREDIMED Trial: A Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. 1 de Novembro de 2015;175(11):1752–60.


- Shivappa N, Steck SE, Hurley TG, Hussey JR, Ma Y, Ockene IS, et al. A population-based dietary inflammatory index predicts levels of C-reactive protein in the Seasonal Variation of Blood Cholesterol Study (SEASONS). Public Health Nutr. Agosto de 2014;17(8):1825–33.


- Sieri S, Krogh V. Dietary glycemic index, glycemic load and cancer: An overview of the literature. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 1 de Janeiro de 2017;27(1):18–31.


- Jiang Y, Pan Y, Rhea PR, Tan L, Gagea M, Cohen L, et al. A Sucrose-Enriched Diet Promotes Tumorigenesis in Mammary Gland in Part through the 12-Lipoxygenase Pathway. Cancer Res. 1 de Janeiro de 2016;76(1):24–9.


- Duchaine CS, Dumas I, Diorio C. Consumption of sweet foods and mammographic breast density: a cross-sectional study. BMC Public Health. 26 de Junho de 2014;14:554.


- Millen BE, Abrams S, Adams-Campbell L, Anderson CA, Brenna JT, Campbell WW, et al. The 2015 Dietary Guidelines Advisory Committee Scientific Report: Development and Major Conclusions. Adv Nutr Bethesda Md. Maio de 2016;7(3):438–44.


-Emaus MJ, Peeters PH, Bakker MF, Overvad K, Tjønneland A, Olsen A, et al. Vegetable and fruit consumption and the risk of hormone receptor–defined breast cancer in the EPIC cohort. Am J Clin Nutr. 1 de Janeiro de 2016;103(1):168–77.


- Zhang Y, Talalay P, Cho CG, Posner GH. A major inducer of anticarcinogenic protective enzymes from broccoli: isolation and elucidation of structure. Proc Natl Acad Sci U S A. 15 de Março de 1992;89(6):2399–403.


- Traka MH. Chapter Nine - Health Benefits of Glucosinolates. Em: Kopriva S, editor. Advances in Botanical Research [Internet]. Academic Press; 2016. p. 247–79. (Glucosinolates; vol. 80). Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065229616300799


- Liu X, Lv K. Cruciferous vegetables intake is inversely associated with risk of breast cancer: a meta-analysis. Breast Edinb Scotl. Junho de 2013;22(3):309–13.


- Aune D, Chan DSM, Greenwood DC, Vieira AR, Rosenblatt D a. N, Vieira R, et al. Dietary fiber and breast cancer risk: a systematic review and meta-analysis of prospective studies. Ann Oncol. 10 de Janeiro de 2012;mdr589.


- Mourouti N, Kontogianni MD, Papavagelis C, Psaltopoulou T, Kapetanstrataki MG, Plytzanopoulou P, et al. Whole Grain Consumption and Breast Cancer: A Case-Control Study in Women. J Am Coll Nutr. 2016;35(2):143–9.


- Aleem E. β-Glucans and their applications in cancer therapy: focus on human studies. Anticancer Agents Med Chem. Junho de 2013;13(5):709–19.


- Seibold P, Vrieling A, Johnson TS, Buck K, Behrens S, Kaaks R, et al. Enterolactone concentrations and prognosis after postmenopausal breast cancer: Assessment of effect modification and meta-analysis. Int J Cancer. 15 de Agosto de 2014;135(4):923–33.


- Rafieian-Kopaei M, Movahedi M. Breast cancer chemopreventive and chemotherapeutic effects of Camellia Sinensis (green tea): an updated review. Electron Physician. 25 de Fevereiro de 2017;9(2):3838–44.


- Aiyer HS, Srinivasan C, Gupta RC. Dietary berries and ellagic acid diminish estrogen-mediated mammary tumorigenesis in ACI rats. Nutr Cancer. 2008;60(2):227–34.


- LeGendre O, Breslin PAS, Foster DA. (-)-Oleocanthal rapidly and selectively induces cancer cell death via lysosomal membrane permeabilization (LMP). Mol Cell Oncol. 23 de Janeiro de 2015;0(ja):00–00.




ANA JORGE

NHC Founder

Nutritionist, Master Coach

9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page