“No meio de uma pandemia, de um planeta poluído, do aumento de doenças como cancro, asma, doenças cardíacas, no Dia Mundial da Saúde 2022, a OMS focará a atenção global em ações urgentes necessárias para manter os seres humanos e o planeta saudáveis e promover um movimento para criar sociedades focadas no bem-estar.”
Desde 1950, que anualmente, no dia 7 de abril se celebra o Dia Mundial da Saúde. Esta data foi escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948, durante a primeira assembleia desta organização.
Em cada ano, a OMS escolhe um tema para ser debatido, o qual passa a ser uma prioridade na sua agenda internacional. O tema do Dia Mundial da Saúde de 2022 é “O nosso planeta, a nossa saúde”.
“No meio de uma pandemia, de um planeta poluído, do aumento de doenças como cancro, asma, doenças cardíacas, no Dia Mundial da Saúde 2022, a OMS focará a atenção global em ações urgentes necessárias para manter os seres humanos e o planeta saudáveis e promover um movimento para criar sociedades focadas no bem-estar.”
Sendo assim, é importante investirmos na educação para os estilos de vida nas gerações mais jovens, criando indivíduos mais saudáveis desde o nascimento.
Vamos focar-nos em algumas áreas fundamentais nas nossas crianças:
1. Nutrição
Hoje sabemos que a programação das preferências alimentares saudáveis começa numa fase muito inicial da vida e é consolidada entre os 12-60 meses. Logo na consulta pré-concepcional, devemos intervir sobre a dieta da futura grávida, uma vez que a dieta materna influência o sabor do liquido amniótico, assim como no leite materno, melhorando a aceitação futura de novos alimentos, como legumes.
Quando falamos de nutrição desde o início de vida, é incontornável falarmos de amamentação. Sendo um dos temas de campanha da OMS desde há vários anos, recomenda-se a amamentação exclusiva até ao mais próximo possível dos 6 meses e a amamentação complementar até aos 2 anos de idade ou mais. O leite materno é um alimento completo, e se o virmos à luz do tema deste ano, o mais sustentável de todos.
Apesar destas recomendações, cada díade bebé-mãe” são únicos, pelo que a duração da amamentação é uma decisão tanto da mãe como do próprio bebé.
Assim, deixo alguns sinais de que o bebé está pronto para a alimentação complementar:
O bebé é capaz de se sentar numa cadeira, com o mínimo de apoio, mantendo um bom controlo da cabeça;
Abre a boca para a colher;
Consegue engolir alimentos que não tenham consistência líquida (as papas e sopas tem consistência pastosa) sem se engasgar;
Mostra interesse pela alimentação dos outros membros da família;
Começa a tentar pegar nos alimentos.
Passando para a introdução dos alimentos sólidos devemos, antes de mais, procurar alimentos saudáveis, produzidos de forma sustentável (procurar os diferentes rótulos que o certificam) e de produção local (menos impacto em embalamento e transporte).
Após uma fase de transição, em que selecionamos alimentos dos grandes grupos para suprir as necessidades nutricionais e fisiológicas do bebé, passamos para a aproximação à dieta familiar (8-12 meses), em que é importante fazermos ainda algumas adaptações: sem sal, sem açúcar, sem mel. No primeiro ano de vida não é recomendado o uso de bebidas que não água.
Na alimentação da criança, devemos envolver as crianças na preparação da refeição; expor a criança a uma variedade de alimentos, de forma consistente, deixando, no entanto, que a mesma estabeleça as suas preferencias alimentares; fazer refeições em família, em que os pais comem o que querem que a criança coma, num ambiente tranquilo, limitando o tempo de ecrã.
2. Atividade Física
As crianças e adolescentes devem realizar pelo menos uma média de 60 minutos por dia, de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, maioritariamente aeróbia. Esta atividade, bem como atividades de fortalecimento muscular e ósseo, devem ser incorporadas em pelo menos 3 dias por semana.
Estes 60 minutos podem ser conseguidos dando às crianças o que elas tantas vezes nos pedem: brincar. A brincadeira livre, preferencialmente ao ar livre, é um ótimo meio de desenvolver a motricidade, a criatividade, capacidades sociais, bem como atingir os níveis de atividade física recomendada e a gestão do stress.
No reverso da medalha, quantidades elevadas de comportamento sedentário estão associadas ao aumento da gordura corporal, à diminuição da saúde cardiometabólica, a uma menor condição física, à redução do comportamento social; e redução da duração do sono. As crianças e adolescentes devem limitar o tempo em comportamento sedentário, particularmente a quantidade de atividades recreativas em frente aos ecrãs.
Do ponto de vista da sustentabilidade, devemos escolher locais perto de casa/escola, onde possamos ir a pé com as crianças, brincando com as mesmas ao ar livre.
3. Educação Ambiental
Tendo em conta que este é o tema deste ano, não podia terminar com a importância da educação ambiental logo desde o pré-escolar. Segundo a OMS, mais de 13 milhões anuais de mortes em todo o mundo são provocadas por causas ambientais evitáveis.
“Mais de 90% das pessoas respiram ar poluído resultante da queima de combustíveis fósseis. O aquecimento global está a levar à proliferação de mosquitos que espalham doenças mais longe e mais rápido do que nunca. Eventos climáticos extremos, degradação da terra e escassez de água estão a deslocar as pessoas e a afetar a sua saúde.
Poluição e plásticos são encontrados no fundo de nossos oceanos mais profundos, nas montanhas mais altas, e entraram na nossa cadeia alimentar. Os sistemas que produzem alimentos e bebidas altamente processados e pouco saudáveis estão a gerar uma onda de obesidade, aumentando do cancro e as doenças cardíacas, gerando um terço das emissões globais de gases de efeito estufa.” OMS
Assim, aqui ficam algumas medidas para promover o respeito e o cuidado pelo meio ambiente:
Disponibilizar e envolver as crianças e as famílias na recolha de materiais naturais (sementes de frutos, de cereais e de outras plantas, rochas diversas) e outros materiais (metais, plásticos, papéis, vidro).
Disponibilizar livros, mapas, imagens, filmes, documentos diversos para consulta.
Utilizar situações do quotidiano para questionar e promover a reflexão e interpretação das crianças sobre os fenómenos do meio físico e natural (a planta da sala que murchou, a queda de granizo).
Criar oportunidades frequentes e diversificadas de contacto das crianças com a natureza, levando-as a observá-la, a conhecê-la e a apreciá-la.
Promover a participação e responsabilidade das crianças no cuidado e proteção de seres vivos dentro e fora da escola (cuidar de plantas, de animais ou da horta na escola; cuidado com ninhos, plantas e animais nos jardins, parques e espaços verdes fora da escola).
Facilitar a discussão e reflexão sobre os efeitos favoráveis e desfavoráveis da ação das pessoas sobre o ambiente.
Explorar a noção de energia e a diferença entre fontes de energia renovável e não renovável.
Promover hábitos diários de cuidado do meio ambiente (apanhar lixo do chão, fechar as torneiras, apagar as luzes, evitar os descartáveis, reciclar, compostar).
Cada vez mais, a mudança para estilos de vida saudáveis se torna essencial e premente. Vamos fazer (e continuar) essa mudança. Pelo nosso planeta, pela nossa saúde.
Bibliografia:
Inês Correia - Médica de Família
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